Teoria do olhar
Quando nada fizer sentido, olhe para cima. Até este texto, ruim, mas o melhor que pude escrever a respeito do assunto.
Simone Weil em sua meditação a respeito do Pai Nosso escreve:
“Pai Nosso, que estais nos Céus…”
“Não podemos dar um único passo em Sua direção. Não caminhamos verticalmente. Só podemos dirigir a Ele o nosso olhar. Não há nada a buscar, é preciso mudar apenas a direção do nosso olhar.”
Florence Wrech canta:
"Hey, look up!
You don't have to be a ghost here amongst the living
You are flesh and blood
And you deserve to be loved, and you deserve what you are given
And oh, how much?"
(Third Eye)
Santa Teresa de Jesus escreve:
“Buscava remédios, fazia esforços, mas não devia entender que tudo era de pouco proveito se, tirada totalmente, a confiança em nós, não a pomos em Deus.” (Livro da Vida, cap. VIII)
Aline Larisse pensa: “Eu acho que não existe coincidências, sabe? Para mim, elas estão falando da mesma coisa.”
É de conhecimento geral que:
Deus nos ama, somos feitos para sermos amados e só nos resta sermos capazes de aceitar receber este Amor. Olhando para cima, pois nisso consiste toda a graça: saber que não podemos nos salvar a nós mesmos, nem segurar nossa vida ou dá-la. Aquilo que recebemos é enviado independente de nosso merecimento e o que perdemos nunca foi conquistado realmente.
Fico besta quando alguém diz que não consegue ver esses detalhes e eu posso estar bem louca, mas quanto mais mergulho nessas matérias memoriais de escritos e composições femininas de personalidades tão distintas e distantes em suas vocações vejo que a luz pode entrar nos lugares mais diversos, desde que esses a ela se abram.
Deixe-me dizer isso de outro modo: eu gosto de ir à Igreja, porém é bom saber que Deus não está só lá.
Surpreende-me quem não pode é perceber isso acontecendo, diante dos nossos pobres olhos. Uma pessoa assim perde muita coisa: por exemplo, por que as catedrais góticas são tão altas? Uma resposta simples e seca é acessível pelo Google - a resposta real e viva, em carne e osso, não.
Rio (com todo o respeito) da cara de quem separa as coisas humanas e divinas como se elas não fossem na verdade a causa e produto do nosso Universo. Se Deus nos criou, foi aqui nesta terra que Ele quis nos encontrar. Porque não podemos a Ele ir, quis marcar o nosso lugar de encontro no agora. O momento, a hora, o dia, nós - pelo contrário - é que fazemos. Nisso estaria a co-redenção.
Faz-se necessário tantos receios quando o que queremos é dado a nós em abundância, peçamos ou não?
Uma frase a mais, que eu guardo comigo desde adolescente, é da Anne Frank do diário, não sei se é dela mesmo - mas sei que é bom:
“Enquanto puder olhar para o céu, posso ter esperança.”
É… palavras verdadeiras não envelhecem, nem desviam de caminho: dizem o que devem dizer.